As sombras se avolumam, o mal está em todo lugar, não haverá redenção, acabaram-se as esperanças. Por este motivo considero esta luta perdida. A comunidade não se mexe e a Instituição insiste em ser truculenta e desinteressada na formação de seus alunos.
Uma pena.
Nós perdemos a guerra pela Escola, mas ganhamos a guerra pelos nossos filhos.
Sendo assim vazo, conforme a moda vigente, a carta que enviamos à Escola das Nossas Crianças… e à Fundação que administra esta escola..
Prezados Senhores,
Direção do Colégio e Direção da Fundação,
Este é o 5º ano que nossos filhos freqüentam o Colégio. Durante este período, inúmeras vezes eu e minha esposa procuramos a escola (professores, pedagogas e direção) trazendo uma série de críticas e questionamentos sobre a proposta pedagógica, de avaliação, conduta perante temáticas e o desenvolvimento das ações escolares. Diversas dessas vezes, encaminhamos documentos elaborados, acerca dessas críticas e em TODAS essas vezes recebemos uma resposta de que tínhamos razão e de que a escola se esforçaria para corresponder a esses ideais que, nas palavras da diretoria, eram também os seus.
Em uma ocasião mais grave, quando em longas reuniões denunciamos os absurdos da avaliação na disciplina de Filosofia e do improviso na construção de questões, sem parâmetros adequados de correção, ouvimos a direção estarrecida dizer que não sabia do ocorrido e que concordava integralmente com nossos argumentos. Ao final do processo fomos surpreendidos por um documento falacioso, coberto de argumentos preconceituosos e que deixavam claro a postura autoritária e repressiva da escola. Posição inadmissível no Século XXI.
No entanto, imbuídos do desejo de contribuir para a construção de uma escola transformadora, pautada no diálogo e na participação da comunidade, resolvemos, ao invés de imediatamente solicitar a transferência de nossas crianças, insistir por mais algum tempo.
Os incidentes continuaram a ocorrer e nossa disposição para a luta foi sendo reduzida e tomada pela falta de esperança em uma escola privada melhor. No entanto imaginávamos que, apesar das nossas severas restrições à escola, nossas crianças, que nunca apresentaram nenhum mínimo desvio no quesito “nota” ou “comportamento” poderiam ser atingidas por uma educação de desconstrução da estima e embotamento da criatividade como a praticada diuturnamente nesta Instituição.
Este ano, nossa filha Alice, aluna dedicada em tudo o que faz, elogiada por todos os professores e pedagogos do 7º ano, passou por uma experiência traumática na aula da professora da disciplina de Geografia. Nas primeiras avaliações deste trimestre, tendo como conteúdo “A Regionalização do Brasil” a professora e sua equipe, elaboraram questões com teor absolutamente de memorização (“cite as capitais e siglas dos estados brasileiros”, “aponte os pontos extremos do território brasileiros e seus respectivos estados”).
Nossa filha, pela primeira vez nestes 5 anos, obteve a descontextualizada nota 4,6 em uma prova absurda em termos de elaboração. Entendemos que trata-se de uma equipe limitada, da Direção à Professora, pois suas provas em outras situações já se mostraram mal construídas. Há questões aplicadas para alunos nestes últimos 6 anos que são repetidas literal e insistentemente, sem qualquer alteração – o famoso copia e cola tão criticado na Educação na Era da Informação.
Pensamos que por esse motivo não compensaria mais iniciar um novo processo de esclarecimento e debates a respeito. Afinal, uma escola privada que tem em seus quadros professores, em especial de Geografia, disciplina importantíssima para a formação crítica dos cidadãos, que elaboram questões com enunciados que solicitam a enumeração dos afluentes da margem direita do Amazonas, pouca ou nenhuma condição tem de compreender os objetivos centrais para o ensino da Geografia, que diremos de outros conteúdos, não é mesmo?
Mas, já estávamos acostumados e seguíamos em frente até que nos deparamos com o desfecho absurdo desta lamentável avaliação. Como na turma, outros colegas obtiveram, igualmente, uma nota abaixo da média, ao entregar a prova corrigida a professora exigiu, sob a forma de coação, às crianças e à nossa filha, que escrevessem no verso da prova um testemunho de admissão de “culpa” pelo fracasso da nota alcançada. Escrevendo no quadro o texto da confissão para que eles copiassem. Dizia ela, neste testemunho forjado, que a professora era competente, que o “conteúdo tinha sido dado”(sic) e que essas crianças certamente não haviam estudado e, portanto, elas eram os únicos responsáveis por este fracasso. Por si só, essa ação antipedagógica já merece um processo na Secretaria de Educação.
Informamos o ocorrido à Pedagoga e ouvimos dela que essa professora é antiga na casa e que ela não poderia fazer nada, mesmo que concordasse conosco. Apesar de ela ter se mostrado disposta a agendar uma reunião conosco e a professora, consideramos inútil perante o histórico de conversas e ações que demonstramos neste documento.
Senhores, este incidente, é gravíssimo e, por esse motivo, temendo os desastres que a permanência de nossos filhos nesta escola pode trazer para a sua formação de sujeitos críticos e pensantes é que solicitamos a transferência imediata de nossos filhos e pedimos urgência na liberação dos documentos necessários incluindo o Histórico Escolar Completo.
Ipatinga, 13 de maio de 2016