Logo que me mudei para o interior de Minas Gerais, há uns 20 anos atrás, eu ganhei uma muda de árvore.
A Copaíba (Copaifera langsdorffii).
Aparentemente uma árvore forte e frondosa, de origem no Amazonas, que gera flores e frutos, que dá um óleo cheio de coisas boas. E, essa planta iria crescer muito e gerar uma boa sombra e muitos frutos onde quer que eu a plantasse…
Passeei com aquela muda por quase duas semanas, como o Jean Reno no filme “O Profissional”, até que decidi que iria plantá-la no sítio da família da minha esposa, na época, ainda noiva.
Escolhi o lugar com muito cuidado, cavei a cova para a muda conforme as especificações e, todo orgulhoso, plantei alí a minha grande esperança de sombra e de crescimento. A natureza tomaria seu rumo e o tempo mostraria o resultado. Por mais de dois anos eu retornei semanalmente para ver seu crescimento.
Nada…
A coisa não desenvolvia, não passava de 50 centímetros, mantinha-se quase que no mesmo tamanho que eu havia plantado…mirrada, fininha e com poucas folhas, altamente frustrante…
Deixei de acompanhar…
Quando passaram-se cinco anos e eu fui procurar a minha copaíba, e qual foi a minha surpresa?
Ela não existia mais!
Havia morrido, não tinha nenhum galho à mostra. Pelo que entendi aquele não era um bom lugar para a tal da Copaíba… eu havia plantado em um lugar quente demais, muito seco, ou em um solo nada propício, nunca vou saber os reais motivos.
Mas sei que essa planta cresce muito devagar mesmo…
Hoje, muitos anos depois, vejo o nível de frustração das pessoas com o desenvolvimento do Brasil e de suas empresas. O desenvolvimento pessoal e de suas empresas. O desenvolvimento negativo da Educação no País… reverso do judiciário que o tornou perverso. O golpe que tramou contra a população com o apoio das elites para ganhar nada comparado com a copaíba que se tornaria o Brasil se deixassem crescer, se cuidassem, se tivessem paciência.
O Brasil voltou a ser um quintal para as metrópoles colonialistas exclusivamente porque as lideranças políticas brasileiras só enxergam o imediato lucro pequeno ‘do hoje’ e não se importam com o amanhã. E os eleitores acreditam que basta eleger…
Faltou vontade. Faltou cuidado. Faltou Justiça. Faltou acompanhar…
A democracia cobra um preço alto para quem não acompanha, para quem acha que basta plantar e deixar crescer sozinho, para quem acha que outro vai cuidar no lugar dele. E o preço do não acompanhar ou não participar é a perda dos direitos. A morte da semente, o desmantelamento da muda.
Nas empresas, na Educação dos Filhos, nas Escolas, na administração doméstica o processo é idêntico, não acompanha e a perda é certa. O que cresce sem acompanhar e sem cuidado é mato, é praga e são as instituições que já são grandes, aquelas que recebemos de herança de outro que acompanhou e deixou pronta para nós.
Para haver mudança é preciso trazer a muda e acompanhar cada segundo… é um trabalho e tanto para um dono de uma muda de Copaíba só… imagina com o tanto de gente que tem as suas mudinhas e suas vontades de obter seus frutos em 20 anos?
A coisa é mais pessoal do que imaginamos, não leva pro lado pessoal não que você vai ver no que dá!
Comente ou vou pensar que a coisa é pessoal mesmo!